sexta-feira, 21 de maio de 2010

Agroquímicos, doenças de planta e ambiente


O aparecimento de uma fitomoléstia é resultante da interação entre uma planta suscetível, de um patógeno e fatores ambientais favoráveis. O ambiente, é um componente importante nesta interação.
Questões nutricionais, quer pela escassez ou pelo excesso de adubo, temperatura, umidade relativa do ar. chuva, orvalho, entre outros fatores podem contribuir para a ocorrência de fitomoléstias.
A grande questão é que o imediatismo inconsequente leva sempre a aplicação de agroquímicos, ignorando a interação existente entre patógeno, ambiente e hospedeiro, e mais ainda, ignorando as medidas de manejo integrado de doenças.
Sempre digo que o correto é combater a causa e não a consequência. Nem sempre a doença de planta é controlada somente com o uso de agroquímicos.
Potássio (K):
Exerce um efeito desfavorável a doenças;
Ex.: Cancro da haste da soja (Diaporthe phaseolorum),não se manifesta em plantas adubadas com potássio;
Em plantas não adubadas a doença ocorre de forma severa;
Micronutrientes
Ferro (Fe) – reduz a ocorrência da murcha de Verticillium em plantas de amendoim e manga;
Zinco (Zn) – aumenta a severidade da ferrugem do trigo (I.P. Bedendo).
Outro ponto a ser considerado é que no tocante aos microrganismos na natureza você tem os que são patogênicos, os antagonistas, os simbiontes, isso tudo vivendo em equilíbrio. A utilização desordenada de práticas agrícolas que possam contribuir para o desequilíbrio biológico, favorecerá os patógenos em detrimento dos antagonistas.
Quando se aplica muito agroquímicos, a "pressão de seleção" exercida favorecerá ao patógeno, pois a planta ficará debilitada. A solução neste caso é provocar uma ruptura suspendo tudo que é tratamento e fornecer um manejo adequando ao bom equilibio biológico da planta.
A ação do ambiente pode se dar de diferentes formas:
Diretamente:
Sobrevivência;
Disseminação;
Infecção;
Colonização;
Reprodução.
Indiretamente:
Alterando populações ou atividades microbianas no solo Sinergística ou Antagônica em relação ao patógeno (I.P. Bedendo).
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BEDENDO, I.P. Vírus. In: BERGAMIN FILHO, A.; KIMATI, H.; AMORIM, L. (Eds.). Manual de fitopatologia: princípios e conceitos. 3. ed. São Paulo: Agronômica Ceres, 1995. v.1, p.132-160.

terça-feira, 18 de maio de 2010

Agrotóxico e o uso indiscriminado



Reportagem do jornal Diário do Nordeste do dia 15 de maio de 2010 aborda a questão do estudo realizado pela ANVISA e menciona que: "O cearense está consumindo alimento com excesso de resíduos de agrotóxicos. De 135 coletas realizadas em pequenos e grandes supermercados da Grande Fortaleza, em somente três delas os índices foram considerados dentro do limite permitido".

Essa é uma questão muito antiga, pois o uso de agroquímicos é uma medida integrante do manejo integrado de doenças e pragas, ou seja, é um recurso adicional para utilização pelos produtores.

Várias são as maneiras para se prevenir de ataques de pragas e doenças em plantas cultivadas. Contínuo a crer que, pela experiência que tenho, a aplicação de medidas de manejo integrado para o controle de pragas e doenças, deve ter uma visão holística do técnico responsável pelo gerenciamento de campo e focar na causa do problema e nunca na consequência.

Plantas oriundas de sementes e mudas certificadas, cultivadas com boa nutrição orgânica e suplementação de adubos químicos, com sistema de irrigação bem dimensionado, acrescido de boas práticas de manejo cultural, podem até sofrer com ataques de pragas e doenças, mas para isso existe um limite de dano econômico que deve ser o balizador para a utilização ou não de agroquímicos.

Os problemas oriundos de resíduos químicos, da má aplicação, da falta de respeito ao período de carência, mistura de produtos, aplicação em excesso entre outros, são os responsáveis pelo insucesso no uso desses produtos.

É bom olhar para os consumidores, pois são eles vítimas e ao mesmo tempo os maiores demandadores por produtos de melhor qualidade.

Finalmente, a matéria induz a uma reflexão de todos que lidam direta e indiretamente com esses produtos.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Fungo acaba com um terço do ópio do Afeganistão e faz o preço disparar, beneficiando os taleban


Fonte: El Pais postado no UOL
Mariangela Paone
Em Madri
Mulheres trabalham em lavoura de papoula durante o período de colheita no Afeganistão

A destruição das colheitas de papoulas causada por um fungo nas últimas semanas está acabando com um terço da produção de ópio do Afeganistão, fazendo disparar os preços em benefício dos taleban, segundo informou ontem a Agência da ONU contra a Droga e o Crime (UNODC na sigla em inglês). "Em todo o país estimamos uma redução da produção de 25 a 30%, sobretudo no sul, onde se concentram as plantações", disse o diretor da agência, Antonio Mario Costa, em conversa por telefone de Nova York.

Na província de Helmand, onde em fevereiro as forças da Otan lideradas pelos EUA lançaram a maior ofensiva desde o início da guerra no Afeganistão em 2001, a redução das colheitas alcança 50%. Em Kandahar, outra peça chave da campanha militar afegã, a redução é calculada em 20%. Trata-se ao todo de cerca de 2 mil a 3 mil toneladas a menos, algo que, segundo Costa, não justifica o forte aumento do preço, de até 60%, que está sendo registrado.

"O Afeganistão continua produzindo uma quantidade de ópio superior à demanda global. Não há escassez. Mas falamos do preço aos agricultores, o chamado 'farm gate price', e esta é a reação dos que veem o próprio produto destruído em sua totalidade ou em parte", disse Costa.

Embora o corte da produção tenha sido um dos principais objetivos das forças internacionais no país, agora poderá se transformar em um novo elemento de risco. Por duas razões diferentes mas complementares no quadro da estratégia militar americana. A primeira é o efeito sobre o apoio da população local. "Entre os agricultores", explica Costa, "se difundiu a ideia de que a infecção não é natural, mas causada pela presença militar e o uso de agentes químicos." Uma hipótese que o diretor da UNODC descarta.

"Acreditamos que seja um fenômeno natural", diz, "mas se os agricultores perderem sua renda e continuarem acreditando que a difusão da infecção se deve à presença dos militares, isso se transformará em um risco estratégico. Poderiam ser tentados a se alistar nos taleban."

Uma infecção de ópio afetou as plantações de papoulas em 2005, mas atingiu sobretudo o norte do país, onde a produção é muito menos extensa que no sul. De fato, a maioria das províncias do norte está classificada pela ONU como "poppy free", sem plantações. As áreas de maior produção, lembra Costa, coincidem com as zonas que os taleban controlam ou nas quais têm influência. Nelas se concentram 90% da produção afegã, que por sua vez representa mais de 90% da produção mundial.

Daí vem o segundo motivo de preocupação para o sucesso da luta contra a insurgência. Embora não haja escassez, se o aumento do preço continuar - o preço hoje é de cerca de US$ 90 por quilo -, os taleban teriam a maior vantagem. "O aumento pode beneficiar os que têm estoques. Automaticamente haveria uma reavaliação de seu valor. Se os preços se mantiverem ou a infecção se estender para outras províncias, os taleban poderiam ser beneficiados porque têm grandes quantidades em suas mãos", comenta Costa.

O diretor da agência, no entanto, lembra que a destruição das colheitas é uma oportunidade: "Se a crise, bem-vinda como todas as reduções da produção, continuar, isto poderá se transformar em um fator positivo se forem oferecidos microcréditos e subsídios aos agricultores em troca do compromisso de não retomarem o cultivo".

Tradução: Luiz Roberto Mendes Gonçalves

terça-feira, 4 de maio de 2010

Agrotóxicos e a visão de doenças de plantas


Quando se fala sobre agrotóxicos é ibope de platéia e facilmente você identifica os que são a favor e os que são contra. Independente de posicionamentos para ambos os lados, convém ressaltar que no caso específico de uma fitomoléstia, uma série de medidas podem e devem ser adotadas pelo produtor, principalmente no sentido de prevenir a sua ocorrência.

Quero chamar a atenção sobre a relação causa x consequência. Na maioria das vezes de modo enganado, o foco das medidas recomendadas é diretamente ligado a aplicação de agrotóxicos, quando a verdadeira causa da doença poderia ser problemas de manejo nutricional ou de irrigação por exemplo.

O exame do todo com uma visão holística e sistêmica, permitirá ao técnico avaliar melhor quais medidas deverá aplicar. Saber ouvir e compreender o produtor rural e aplicar recomendações adequadas que visam prevenir e/ou amenizar os prejuízos é a regra, a exceção é o imediatismo que muitas vezes tem resultados imprevisíveis.