Fitopatologia (Phyton = planta, Pathos = doença e Logos = estudo) e indica a ciência que estuda as doenças das plantas.
quarta-feira, 28 de abril de 2010
Grupo de Fitossanidade PET apresenta seminário
O grupo de Fitossanidade do PET Agronomia Cariri, apresentou no dia 27 de abril, seminário sobre doenças de pós-colheitas identificadas nos mercados públicos das cidades de Juazeiro do NOrte e Barbalha.
A atividade faz parte de um trabalho de pesquisa que tem por objetivo identificar as principais doenças de pós-colheitas que ocorrem em frutos e hortaliças comercializadas.
quarta-feira, 21 de abril de 2010
Menejo ecológico de doenças e pragas de plantas
Li e achei interessante divulgar, a palestra de Maria Reguna Godinho Marques Dias
Alimentos Vivo Produtos Orgânicos
São Paulo/SP, publicada pelo Biológico, São Paulo, v.65, n.1/2, p.75-77, jan./dez., 2003.
Boa leitura!
O modelo de agricultura surgido após a segunda
Guerra Mundial, baseado na proposta de mecanização
do solo, estabelecimento de monoculturas, apoiado
em adubações químicas e amparado pela administração
abusiva de venenos para eliminação das pragas
e doenças já mostra seus resultados desastrosos: solos
erodidos, desmatados, rios poluídos e sem vida, sérias
alterações climáticas.Este quadro converge no tocante
à agricultura para o aumento da incidência das pragas
e doenças, além da promoção de doenças mais
resistentes.A promessa de geração de alimentos em
maior escala não se cumpriu, e o que se constata é o
declínio da produção causando êxodo rural, populações
ainda na miséria, ou subnutridas além de produção
contaminada de alimentos.
A agricultura orgânica, no entanto vem se firmando
como medida salvadora, resgatando a agricultura
praticada por nossos ancestrais, baseada na
reciclagem e na interação do homem com a natureza.
O produtor orgânico abraça o desafio de tentar
recolocar as coisas em seus devidos lugares e, para
isso, precisa lançar mão de todos os recursos disponíveis:
da observação minuciosa à tecnologia científica
de que puder dispor, para minimizar os resultados
negativos de tantos anos de cultivo inadequado.
No entanto, não há modelos pré-determinados a
seguir. Cada unidade produtiva é única, dispõe de
inúmeras particularidades, está inserida em
microclimas específicos todos estes aspectos devem
nortear a escolha de "o que" produzir e de "como"
fazê-lo.
Optar pelo cultivo orgânico leva inicialmente o
produtor a reconhecer uma verdade primordial:
estamos sujeitos às mesmas leis naturais que regem todos os
seres vivos. Estudar estas leis e tentar aplicá-las é a
nossa saída. Além disso, deveremos manter constante
vigilância e dedicação, pois a natureza não interromp e
seus ritmos e qualquer negligência de nossa parte
refletir-se-á em sérias perdas de produção.
No tocante à manifestação de pragas e doenças, o
grande instrumento da agricultura orgânica é a
prevenção. Prevenir significa entender a unidade
produtora como um organismo vivo cujo equilíbrio
natural precisa ser estabelecido pelo correto manejo
do solo, pelas diretrizes adotadas para nutrição das
plantas e pelos métodos de cultivo propriamente dito.
O solo não representa apenas um reservatório de
nutrientes que dá suporte à planta como quer a agricultura
convencional, mas sim o depositário de toda
a vida microbiana, aonde acontece processos de suma
importância, que serão estimulados pela cobertura
morta (restos de palhadas, cascas, bagaços e culturas
que deitamos sobre o solo) ou cobertura viva como a
manutenção de ervas pioneiras ou o emprego da adubação
verde que realiza um preponderante trabalho
de fornecimento de biomassa para cobertura e nutrição
do solo, com seu sistema radicular profundo e ramificado,
que busca nutrientes em camadas profundas
aonde as raízes de muitas hortaliças não chegam,
disponibilizando lentamente estes nutrientes por ocasião
do acamamento da massa verde tão significativa
nestas espécies. Além disso, a adubação verde presta
importante trabalho, de arejamento do solo, pois as
raízes ali deixadas, representam milhares de canais
para absorção de água e arejamento, descompactando
e renovando solos já atingidos por formação de laje.
Este emprego de cobertura morta ou viva previne
o desaquecimento ou super-aquecimento do solo mesmo
quando há incidência de altas temperaturas, bem
como impede o impacto de chuvas fortes ou irrigação
contínua que desagregam os grumos, e promovem
erosão. Outro manejo a ser incorporado é o emprego
mínimo de implementos, reduzindo drasticamente a
aração, substituindo-a por maquinário leve ou especifico
para picar e acamar adubos verdes, recorrendo
a práticas de subsolagem que sulcam o solo ao invés
de movimentá-lo. Desta forma podemos realizar plantios
diretos, em meio à palhada da cultura anterior,
com vistas a perturbar o mínimo possível a vida
microbiana em desenvolvimento no solo, tesouro que
desejamos preservar.
Também o manejo da água em cultivos orgânicos
requer especial cuidado, pois a irrigação excessiva,
que favorece áreas de encharcamento cria ambiente
propício à disseminação de doenças fúngicas e
bacterianas, o que se torna crucial em cultivos protegidos
(estufas). A escolha do equipamento adequado
para irrigação de cada cultura e a justaposição de
culturas com semelhantes necessidades é medida
importante e econômica a ser implantada para prevenir
doenças e pragas.
Estudos como a Teoria da Trofobiose de Francis
Chaboussou trouxeram grande esclarecimento sobre
a íntima relação entre o equilíbrio metabólico da planta
e a incidência de pragas e doenças. O ataque destas
tem relação direta com a nutrição ou a intoxicação
das plantas em questão. A praga ou a doença quando
identificada deve então ser encarada não como inimi ga,
mas como indicador, que devemos interpretar. Quando
há um desequilíbrio no sistema agroecológico o inseto
se alastra e avança sobre a produção constituindo-se
praga. Na verdade insetos, bactérias, fungos,
nematóides, ácaros, dispõem de poucas enzimas, o
que reduz sua capacidade de sintetizar moléculas
complexas como proteínas, aproveitando-se de moléculas
simples como aminoácidos. Assim, plantas
hospedeiras, desequilibradas em seus processos de
nutrição: proteossíntese (síntese de proteínas) e
proteólise (decomposição de proteínas) com elevada
quantidade de aminoácidos, açucares e minerais
ainda solúveis, não metabolizados pela planta,
representam campo fértil para instalação e disseminação
da praga ou doença.
Portanto, a nutrição deve ser balanceada e
norteada por análises foliares que vão indicar os
níveis de exigência de complementação ou não de
adubação mineral (cinzas, fosfatos de rocha, calcário
etc) que corrigem o Ph e equilibram os micronutrientes.
O manejo de pragas e doenças em cultivos sustentáveis
só pode ser equacionado quando há
biodiverdidade na paisagem rural, capaz de restabelecer
a cadeia alimentar entre todos os seres vivos
desde os microrganismos até os pássaros e outros
animais complexos. Precisamos propiciar áreas de
refúgio para animais, insetos, papel tão valioso que a
proximidade das matas desempenha. Cabe ao produtor
criar um novo ambiente no campo, povoando-o
com grande número de flores e ervas aromáticas como
cavalinha, cravo de defunto, lantanas, gerânios,
salvias, manjericão, que repelindo insetos ou atraindo
inimigos naturais, ainda fornecem matéria prima
abundante para processamento das caldas defensivas,
já consagradas como importante recurso alternativo
para controle de diversas pragas e doenças. A prática
de capinas em faixas em pomares ou áreas de produção
de hortaliças permite a convivência com o mato, aproveitando
o seu aspecto altamente benéfico como atrativo
dos insetos, e criatório de inimigos naturais, seus
predadores. Planejar a produção incluindo rotação
de culturas que quebram o ciclo biológico dos
patógenos que infectam as plantas é tão importante
quanto como a criação de pára-ventos em faixas bem
adensadas (de milho, quiabo, girassol e cana) impedindo
que o vento, forte elemento propagador possa
ferir, desidratar, ou empurrar para dentro das células
das plantas os agentes multiplicadores da doença.
O produtor conta ainda com grande variedade
de sementes resistentes a diversas doenças disponíveis
no mercado, mas não deveria abandonar a
prática de produzir seu próprio banco de sementes,
resgatando o trabalho de preservação de sementes
puras que certamente oferecem bons resultados
quanto a adaptabilidade e conseqüente resistência
a doenças como temos observado em plantas que
enfrentam com bravura o stress causado pelas adversidades
climáticas a que estamos cada vez mais
sujeitos.
Temos também procurado difundir o uso do
Calendário Astrológico de Maria Thun, (agricultura
biodinâmica) que tem sido notável instrumento para
proporcionar estrutura e vigor às nossas culturas,
reduzindo a incidência de problemas fitossanitários
uma vez que é sabido que estes somente acometem
plantas desequilibradas em seus processos metabólicos.
A agricultura orgânica lança mão ainda de consagrados
manejos de aplicação de caldas alternativas,
como a calda bordaleza (a base de sulfato de cobre e
cal) que tem boa ação protetora em doenças como
manchas das folhas de beterraba (Cercospora betícola),
contra míldio e manchas foliares (angular e zonada)
em pepinos, abobrinhas, prevenindo requeimas e pintas
em tomates além de repelir pragas como vaquinhas,
cochonilhas, tripes (SOUZA & REZENDE, 2003).
Outro defensivo, dos mais antigos é a calda
sulfocálcica (a base de enxofre e cal) que possui importante
ação inseticida contra insetos sugadores
como ácaros, tripes e cochonilhas em pomares, e no
controle de ferrugens e ácaros em alho, cebola, tomates ,
beringelas e feijão (BURG & MAYER, 1999). Extratos de
pimenta do reino (piper nigrum), tem boa atuação
contra pulgões, ácaros principalmente em crucíferas
assim como extratos de pimenta vermelha (Capsicum
annum), repelem vaquinhas grilos e lagartas principalmente
se adicionadas à calda sulfocálcica. (PENTEADO,
1999). Nossa experiência com prevenção ao ataque
de tripes em tomateiros, desde as primeiras folhas até
45 dias com aplicações semanais de caldas de folhas
de primavera (Bouganvillea spectabilis), teve resultado
muito positivo, assim como pulverizações com leite
cru e água, de 10 em 10 dias protegem culturas de
abobrinhas e pepinos em até 100% de doenças
viróticas e fúngicas, conforme experiências
divulgadas pela Embrapa, e constatada em nossas
lavouras.
Métodos de controle biológico artificial também
podem ser introduzidos como fungos (Beauveria
bassiana) que controla com eficiência lagartas, ácaros,
pulgões, mosca branca, ou (Trichoderma sp.) fungo
antagonista de solo para controle de Fusarium, e
Metarrhizium anisopliae, fungo usado para controle de
tripes, pulgões, cigarrinhas, cupins, entre outros
recursos apresentados no mercado em fórmulas
comerciais, que ajudam o produtor orgânico a restabelecer
o equilíbrio que tenha sido comprometido.A
questão mais importante antes deve ser o ato de
discernir em que medida deve-se usar este ou aquele
recurso já que o nível de doenças ou pragas precisa
estar contido entre o limiar sutil de não comprometer
resultados positivos de produção, mas também não
causar ainda mais desequilíbrios.
Em meio a tantos recursos vê-se que o produtor
não está desamparado no tocante ao manejo de pragas
e doenças, e que a agricultura orgânica é viável se
introduzida de forma planejada, se atende com rigor
às necessidades básicas de suas culturas, se observa,
e imita os processos perfeitos da natureza, e se reconhece
que deve interferir com máxima consciência no
sistema rural.
O produtor orgânico antes um idealista, colhe atualmente
resultados muito satisfatórios de produção,
aprimorando cada vez mais seu solo, que pleno de
matéria orgânica e abundante vida microbiana
proporciona um ambiente rural equilibrado quanto
as pragas e doenças em suas plantações.
Repousa tranqüilo finalmente este produtor que
sabe estar produzindo alimentos puros e verdadeiramente
nutritivos, e legando às futuras gerações um
tesouro inestimável, que é o solo brasileiro saudável e
produtivo.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SOUZA, J.L. & RESENDE, P. Manual de horticultura orgânica.
Viçosa: Editora Aprenda fácil, 2003. P.30-231.
BURG, I.C. & MAYER, P.H. Alternativas ecológicas para prevenção
e controle de pragas e doenças. Francisco Beltrão:
Grafit, 1999. 153p.
PENTEADO, S.R. Defensivos alternativos e naturais. Campinas, 2001
terça-feira, 13 de abril de 2010
Microbiologia é saúde
Unhas Compridas.
Muitas pessoas encaram as unhas compridas como verdadeiros símbolos de feminilidade. Olhando pelo prisma de higiene, principalmente em profissionais ligadas às áreas de saúde (enfermeiras, laboratoristas, médicas, entre outras) e às áreas de produção de alimentos, elas são focos reais de contaminação por microrganismos.
Sob as unhas compridas podem viver várias classes de microrganismos, como bactérias, fungos, vírus, protozoários e ovos de vermes, que podem causar até a tão temida cisticercose cerebral.
Lamber o Dedo pra virar a página?
Em primeiro lugar a língua não foi feita para esta finalidade e nem para molhar selos de cartas. Os livros podem apresentar vários tipos de esporos de fungos, inclusive causadores de micoses como candidíase e micoses profundas extremamente graves como aspergilose, por exemplo.
A presença de ácaros e suas fezes também representar um verdadeiro atentado contra a boa higiene. A poeira formada sobretudo por pele humana (cerca de 80%), ao ser ingerida pode lhe dar uma configuração meio antropófoga (arghghgh!). Isso sem falar no que a ausência de práticas de lavagem das mãos podem acarretar.
Cachorro quente e Salsichão
Perigo: presença da bactéria Listeria monocytogenes.
Conseqüências: pode causar aborto ou, 8 a 12 horas após a ingestão, levar a diarréia e cólicas abdominais fortes por 24 horas.
Erros: consumir a salsicha crua ou com maionese caseira.
Prevenção: cozinhe bem a salsicha. Deixe-a totalmente imersa na água, que deve estar soltando vapor (acima de 60ºC). A maionese consumida deve ser industrializada. O molho deve estar bem quente.
Churrasquinho
Perigo: presença da bactéria Escherichia coli.
Conseqüências: após 8 a 12 horas podem surgir diarréia e cólicas abdominais fortes por 24 horas.
Erros: consumir a carne mal passada ou deixá-la mal refrigerada.
Prevenção: prefira o churrasquinho feito na hora e bem passado. Deve-se evitar passar o churrasquinho na farinha, que pode ter sido contaminada ao ser manipulada. A carne crua deve ficar armazenada em caixa térmica com gelo ou refrigerada.
Canudos, copos, pratos e talheres descartáveis
Perigo: presença de microrganismos patogênicos provenientes da saliva.
Conseqüências: herpes labial, candidíase bucal, cárie, inícios de processos de gastrite e/ou úlcera e outras doenças transmissíveis pelo contato.
Erros: reutilização e uso de produtos mal armazenados.
Prevenção: após o uso, os utensílios devem ser destruídos para evitar a sua reutilização.
Fones de ouvido ?
Sem dúvida, os fones de ouvido podem trazer alguns problemas para sua saúde, que vão além da dor de cabeça causada por uma música ruim. Podem transportar microrganismos, como bactérias (Staphylococcus, Streptococcus) causadoras de doenças com pus (laringite e faringite, entre outras).
Há também risco de fungos (dermatófitos e outros causadores de micoses) e doenças por vírus. A limpeza deve ser efetuada com algodão e haste de algodão embebidos em álcool isopropílico.
Teclados, mouses e monitores?
Sim, teclados, mouses e monitores podem abrigar microorganismos como o vírus da gripe e o Staphylococcus aureus, que causa diversas infecções, por mais de 24 horas. Para limpar, é preciso passar pelo menos uma vez por semana um jateador de ar próprio para isso. Na falta, dá para usar um secador de cabelo. Depois, é preciso passar álcool isopropílico com um algodão e cotonete.
Escovas de dente?
Geralmente as escovas de dentes apresentam a mesma flora microbiana da boca do usuário e podem conter diferentes tipos de bactérias provenientes da cavidade bucal ou do meio ambiente, como Streptococcus mutans (um dos possíveis causadores de cárie), leveduras, vírus e até mesmo parasitas intestinais.
http://www.bebendo.com.br/2008/01/dr-bacteria-e-neurose-de-cada-dia.html
quinta-feira, 8 de abril de 2010
Pesquisa indica que bactérias alteradas causam obesidade, mas tratamento com antibióticos ainda não é viável
08/04/2010 - 07h00 Matéria disponível em:http://noticias.uol.com.br/ultnot/cienciaesaude/ultimas-noticias/2010/04/08
Por Chris Bueno
Para o UOL Ciência e Saúde
Bactérias intestinais seriam causa de obesidade em pessoas com Síndrome Metabólica
Por muito tempo, hambúrgueres, batatas fritas, milkshakes, salgadinhos, sorvetes, pizzas e chocolates foram culpados pelo grande aumento da obesidade no mundo. Agora o fast-food tem com quem dividir a culpa: as bactérias intestinais. Um recente estudo norte-americano traz evidências de que alterações nas bactérias que vivem nos intestinos levam a um aumento acentuado do apetite e, consequentemente, à obesidade.
Mas nada de se animar e ir procurar um médico para tomar antibiótico para combater as tais bactérias. Os estudos ainda são iniciais e o tratamento contra obesidade continua o mesmo: dieta alimentar e exercício físico.
“Se houver realmente alguns casos de obesidade relacionados com alterações bacterianas intestinais, tratamentos com antibacterianos ou com reguladores da microbiota intestinal poderiam, em teoria, ser utilizados. Mas no momento atual, não há evidências científicas suficientes para sustentar tal teoria”, afirma Josivan Lima, professor de Endocrinologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e secretário da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM).
A pesquisa
A conexão entre as bactérias intestinais e a obesidade não é nova, mas ganhou mais peso com uma nova pesquisa publicada na edição de março da revista norte-americana Science, uma das mais prestigiadas revistas de ciência do mundo.
E tudo começou por acaso, quando estudando outra doença, os pesquisadores perceberam que camundongos com determinada deficiência no sistema imunológico eram mais “gordinhos” do que seus companheiros saudáveis. Quando os animais tiveram sua dieta controlada, eles perderam peso, porém menos que os outros camundongos. E quando sua dieta passou a ser rica em gordura, eles engordaram mais do que os outros, desenvolvendo também mais doenças relacionadas à obesidade. Isso fez os cientistas desconfiarem de que havia algo a mais que merecia ser investigado.
O imunologista Andrew Gewirtz e o microbiologista Matam Vijay-Kumar, da Universidade Emory, em Atlanta (EUA), estudaram uma linhagem de camundongos com deficiência no gene TLR-5, responsável pelo reconhecimento de várias bactérias. Eles descobriram que esses camundongos eram em média 20% mais pesados que os outros. Eles também comiam muito mais, tinham pressão alta, colesterol alto e resistência à insulina (isso significa que o corpo não usa a insulina de modo eficiente para quebrar os alimentos e transformá-los em energia, podendo resultar em diabetes e obesidade).
Deficiência genética seria chave
“Em suma, esses camundongos apresentam a chamada ‘síndrome metabólica’, um conjunto de distúrbios que, em humanos, aumenta o risco de desenvolver obesidade, doenças cardíacas e diabetes”, explica a endocrinologista Mônica Cabral.
Após essas constatações, as bactérias intestinais desses camundongos foram transplantadas para camundongos sem a deficiência, que também passaram a apresentar o mesmo quadro. Os transplantes mostram que as bactérias não são parte do efeito, mas sim causa do aumento do apetite e da obesidade.
Alguns dos camundongos com deficiência no gene TLR-5 foram tratados pela equipe com antibióticos, para controlar a quantidade de bactérias intestinais. O tratamento reduziu grande parte dos distúrbios metabólicos dos camundongos.
De acordo com a endocrinologista Rosana Radominski, presidente da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (ABESO), a pesquisa aponta que realmente pode haver uma conexão entre a flora intestinal e a obesidade., mas enfatiza: “Estes são achados iniciais, e há muito trabalho pela frente para comprovar que este mecanismo é importante nos humanos. E estes estudos não permitem que se comece a tratar obesidade com antibióticos, não é este o caminho”.
Obesidade não é contagiosa
Os pesquisadores norte-americanos ressaltam que suas conclusões não apontam que a obesidade possa ser contagiosa. As bactérias intestinais, também chamadas de flora intestinal, habitam naturalmente o intestino, ajudando na digestão de alimentos e protegendo o organismo contra microrganismos que podem causar doenças. Os cientistas acreditam que essas bactérias são adquiridas no nascimento, mas podem sofrer alterações durante a vida da pessoa, ocasionadas pela alimentação ou pelo uso de medicamentos.
Os cientistas ainda não sabem como as bactérias produzem essas mudanças metabólicas. Os camundongos usados na pesquisa não são um modelo exato de como funciona o corpo humano, mas podem apontar ligações entre sistema imunológico, alteração das bactérias e obesidade, assim como nas pessoas.
Para confirmar sua ideia de que o mesmo acontece nos seres humanos, Gewirtz e sua equipe vai começar a investigar pessoas com a síndrome metabólica. “Temos que lembrar que a obesidade é uma doença multifatorial (daí a dificuldade de tratá-la de modo eficaz). Sendo assim, alteração na flora intestinal seria apenas mais uma peça deste quebra-cabeça, sendo improvável que seja o fator causal único e definidor do ganho ponderal”, ressalta Josivan Lima.
Novos caminhos
Cada vez mais pesquisas estudam a conexão entre as bactérias intestinais e a obesidade. Um estudo publicado no ano passado, levado a cabo pela Universidade de Cornell, em Nova Iorque (EUA), apontou que camundongos franzinos se tornavam obesos quando recebiam bactérias intestinais de camundongos obesos.
Em 2006, pesquisadores da Universidade de Washington, liderados pelo microbiologista Jeffrey Gordon, já haviam documentado uma alteração nas bactérias intestinais de camundongos que ficaram obesos. “Alguns resultados de estudos experimentais utilizando camundongos submetidos a diferentes dietas ou substâncias probióticas, ou até mesmo a antibióticos que agem na colonização bacteriana do intestino, sugerem haver uma associação entre regulação do apetite e o intestino”, aponta Mônica Cabral.
“A ligação é fácil de ser demonstrada em animais de laboratório, mas é mais difícil de ser reproduzida em seres humanos, pois é mais fácil controlar de maneira rigorosa a dieta de um do que outro. Dessa forma ainda não se sabe o verdadeiro papel dessas bactérias intestinais no desenvolvimento dessas doenças em seres humanos”, ressalta.
Por Chris Bueno
Para o UOL Ciência e Saúde
Bactérias intestinais seriam causa de obesidade em pessoas com Síndrome Metabólica
Por muito tempo, hambúrgueres, batatas fritas, milkshakes, salgadinhos, sorvetes, pizzas e chocolates foram culpados pelo grande aumento da obesidade no mundo. Agora o fast-food tem com quem dividir a culpa: as bactérias intestinais. Um recente estudo norte-americano traz evidências de que alterações nas bactérias que vivem nos intestinos levam a um aumento acentuado do apetite e, consequentemente, à obesidade.
Mas nada de se animar e ir procurar um médico para tomar antibiótico para combater as tais bactérias. Os estudos ainda são iniciais e o tratamento contra obesidade continua o mesmo: dieta alimentar e exercício físico.
“Se houver realmente alguns casos de obesidade relacionados com alterações bacterianas intestinais, tratamentos com antibacterianos ou com reguladores da microbiota intestinal poderiam, em teoria, ser utilizados. Mas no momento atual, não há evidências científicas suficientes para sustentar tal teoria”, afirma Josivan Lima, professor de Endocrinologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e secretário da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM).
A pesquisa
A conexão entre as bactérias intestinais e a obesidade não é nova, mas ganhou mais peso com uma nova pesquisa publicada na edição de março da revista norte-americana Science, uma das mais prestigiadas revistas de ciência do mundo.
E tudo começou por acaso, quando estudando outra doença, os pesquisadores perceberam que camundongos com determinada deficiência no sistema imunológico eram mais “gordinhos” do que seus companheiros saudáveis. Quando os animais tiveram sua dieta controlada, eles perderam peso, porém menos que os outros camundongos. E quando sua dieta passou a ser rica em gordura, eles engordaram mais do que os outros, desenvolvendo também mais doenças relacionadas à obesidade. Isso fez os cientistas desconfiarem de que havia algo a mais que merecia ser investigado.
O imunologista Andrew Gewirtz e o microbiologista Matam Vijay-Kumar, da Universidade Emory, em Atlanta (EUA), estudaram uma linhagem de camundongos com deficiência no gene TLR-5, responsável pelo reconhecimento de várias bactérias. Eles descobriram que esses camundongos eram em média 20% mais pesados que os outros. Eles também comiam muito mais, tinham pressão alta, colesterol alto e resistência à insulina (isso significa que o corpo não usa a insulina de modo eficiente para quebrar os alimentos e transformá-los em energia, podendo resultar em diabetes e obesidade).
Deficiência genética seria chave
“Em suma, esses camundongos apresentam a chamada ‘síndrome metabólica’, um conjunto de distúrbios que, em humanos, aumenta o risco de desenvolver obesidade, doenças cardíacas e diabetes”, explica a endocrinologista Mônica Cabral.
Após essas constatações, as bactérias intestinais desses camundongos foram transplantadas para camundongos sem a deficiência, que também passaram a apresentar o mesmo quadro. Os transplantes mostram que as bactérias não são parte do efeito, mas sim causa do aumento do apetite e da obesidade.
Alguns dos camundongos com deficiência no gene TLR-5 foram tratados pela equipe com antibióticos, para controlar a quantidade de bactérias intestinais. O tratamento reduziu grande parte dos distúrbios metabólicos dos camundongos.
De acordo com a endocrinologista Rosana Radominski, presidente da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (ABESO), a pesquisa aponta que realmente pode haver uma conexão entre a flora intestinal e a obesidade., mas enfatiza: “Estes são achados iniciais, e há muito trabalho pela frente para comprovar que este mecanismo é importante nos humanos. E estes estudos não permitem que se comece a tratar obesidade com antibióticos, não é este o caminho”.
Obesidade não é contagiosa
Os pesquisadores norte-americanos ressaltam que suas conclusões não apontam que a obesidade possa ser contagiosa. As bactérias intestinais, também chamadas de flora intestinal, habitam naturalmente o intestino, ajudando na digestão de alimentos e protegendo o organismo contra microrganismos que podem causar doenças. Os cientistas acreditam que essas bactérias são adquiridas no nascimento, mas podem sofrer alterações durante a vida da pessoa, ocasionadas pela alimentação ou pelo uso de medicamentos.
Os cientistas ainda não sabem como as bactérias produzem essas mudanças metabólicas. Os camundongos usados na pesquisa não são um modelo exato de como funciona o corpo humano, mas podem apontar ligações entre sistema imunológico, alteração das bactérias e obesidade, assim como nas pessoas.
Para confirmar sua ideia de que o mesmo acontece nos seres humanos, Gewirtz e sua equipe vai começar a investigar pessoas com a síndrome metabólica. “Temos que lembrar que a obesidade é uma doença multifatorial (daí a dificuldade de tratá-la de modo eficaz). Sendo assim, alteração na flora intestinal seria apenas mais uma peça deste quebra-cabeça, sendo improvável que seja o fator causal único e definidor do ganho ponderal”, ressalta Josivan Lima.
Novos caminhos
Cada vez mais pesquisas estudam a conexão entre as bactérias intestinais e a obesidade. Um estudo publicado no ano passado, levado a cabo pela Universidade de Cornell, em Nova Iorque (EUA), apontou que camundongos franzinos se tornavam obesos quando recebiam bactérias intestinais de camundongos obesos.
Em 2006, pesquisadores da Universidade de Washington, liderados pelo microbiologista Jeffrey Gordon, já haviam documentado uma alteração nas bactérias intestinais de camundongos que ficaram obesos. “Alguns resultados de estudos experimentais utilizando camundongos submetidos a diferentes dietas ou substâncias probióticas, ou até mesmo a antibióticos que agem na colonização bacteriana do intestino, sugerem haver uma associação entre regulação do apetite e o intestino”, aponta Mônica Cabral.
“A ligação é fácil de ser demonstrada em animais de laboratório, mas é mais difícil de ser reproduzida em seres humanos, pois é mais fácil controlar de maneira rigorosa a dieta de um do que outro. Dessa forma ainda não se sabe o verdadeiro papel dessas bactérias intestinais no desenvolvimento dessas doenças em seres humanos”, ressalta.
quinta-feira, 1 de abril de 2010
Teste seus conhecimentos
QUIZ
MICROBIOLOGIA
01)(UEA-AM) Sobre a classificação dos seres vivos é correto afirmar:
a) O reino Monera é representado por seres pluricelulares destituídos de parede celular.
b) O reino Protista é representado por organismos procariontes unicelulares com reprodução assexuada e sexuada.
c) O reino Plantae é representado por organismos procariontes unicelulares e autotróficos fotossintetizantes.
d) O reino Fungi é representado por eucariontes que podem ser unicelulares ou ter o corpo formado por filamentos (hifas).
e) O reino Animália é representado somente por procariontes pluricelulares.
02) (UFPI) “Todo ser vivo se origina por reprodução de outro ser vivo da mesma espécie”.
-O texto acima está de acordo com a:
a) teoria da geração espontânea
b) teoria da biogênese
c) hipótese heterotrófica da origem da vida
d) hipótese autotrófica da origem da vida
e) hipótese do criacionismo
03) Qual é o nome do processo em que bebidas ou alimentos são aquecidos à temperatura adequada e por tempo suficiente para destruir os microorganismos patogênicos neles presentes, sem alterar o sabor e outras propriedades?
a) Biogênese
b) Força Vital
c) Geração espontânea
d) Pasteurização
e) Reprodução
04)(UEL-PR) Considere os seguintes processos:
I. Produção de iogurtes e queijos.
II. Produção de açúcar a partir da cana.
III. Fixação de nitrogênio no solo pelo cultivo de leguminosas.
-Quais dos processos mencionados dependem da participação de microorganismos?
a) Apenas I e II;
b) Apenas II e III;
c) Apenas I e III;
d) Apenas II e IV;
e) Apenas III e IV.
05) A chamada “estrutura procariota” apresentada pelas bactérias nos indica que estes seres vivos são:
a) Destituídos de membrana plasmática
b) formadores de minúsculos esporos
c) dotados de organelas membranosas
d) constituídos por parasitas obrigatórios
e) desprovidos de membrana nuclear
________
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