quarta-feira, 6 de outubro de 2010

ASPECTOS QUALITATIVOS E FITOPATOLÓGICOS DE FRUTOS DE MAMÃO COMERCIALIZADOS NOS MERCADOS PÚBLICOS DE JUAZEIRO DO NORTE, CRATO E BARBALHA


Jaqueline Saraiva de Lira¹; Joaquim Torres Filho²
¹ Aluna do Curso de Agronomia do Campus da UFC no Cariri:e-mail:jaquelynejack@hotmail.com

² Orientador: Professor Adjunto do Curso de Agronomia do Campus da UFC no Cariri: joaquim.torres@ufc.br

Resumo

O presente trabalho foi realizado nos mercados públicos das cidades de Barbalha, Crato e Juazeiro do Norte, observados em um período de 60 dias nos meses de Maio e Junho, através de visitas semanais. O objetivo do presente trabalho foi realizar levantamentos para observar os aspectos qualitativos e fitopatológicos dos frutos de mamão encontrados em diferentes épocas e locais nestes mercados. Por ocasião das inspeções, foram feitos registros através de fotos digitais e procurou-se também obter informações no tocante ao processo de comercialização. Observou-se na pesquisa que de 40 barracas analisadas, 35 apresentavam frutos de má qualidade, equivalente a um índice de 87,5%. Dentro dessa porcentagem, 75% eram devido a ocorrência de fitomoléstias e os outros 25% às péssimas condições de manuseio, que inevitavelmente causam injúrias e danos aos frutos. Pode-se concluir que a rentabilidade está ligada a qualidade dos frutos (ausência de injúrias, danos e fitomoléstias), que requer cuidados para uma melhor comercialização e satisfação do consumidor.
Palavras-chave: Fruticultura; Qualidade; Fitopatologia.

Introdução

O mamão é originado do continente americano, típico de regiões tropicais e subtropicais, onde o Brasil se destaca como maior produtor do mundo sendo cultivado em todos os estados brasileiros. No Brasil são conhecidas mais de 57 variedades de mamão, nas quais estão incluídos mamão papaia, formosa, mamão-da-baía, mamão-macho, mamão-da-índia entre outros.

Dentre as muitas funções que o mamão apresenta na saúde humana, também se enfatiza seu grande foco na economia. O mamão, como outras frutas é bastante comercializado em feiras, supermercados entre outros, por suas qualidades já citadas aqui. Nestas feiras observa-se o manuseio de tais frutos e sua consequente aceitação pelo consumidor. Embasado nisto e nas visitas práticas realizadas, adquiriu-se um maior conhecimento sobre as condições nas quais os frutos estão mantidos durante o processo de comercialização. Nestas feiras foram vistas as péssimas qualidades dos frutos oferecidos ao consumidor e o despreparo dos comerciantes, no tocante às boas práticas sanitárias e ao conhecimento da origem dos produtos comercializados.

Tendo em vista a qualidade dos frutos para a alimentação humana, além de sua importância econômica, foram realizadas visitas aos mercados públicos com o intuito de se avaliar a qualidade dos frutos comercializados.

Segundo (STAKMAN e HARRAR, 1957), a “Doença de planta é uma desordem fisiológica ou anormalidade estrutural deletéria à planta ou para alguma de suas partes ou produtos, ou que reduza seu valor econômico”.

As doenças de plantas são importantes para o homem devido a causarem danos às plantas e seus produtos, bem como por influenciarem direta ou indiretamente na rentabilidade do empreendimento agrícola. As perdas pós-colheita do mamão podem ter causas diversas, dentre as quais se destacam as doenças que reduzem a quantidade e a qualidade dos produtos vegetais causando perdas econômicas, podendo levar a custos inaceitáveis de controle. (MICHEREFF, [s.d]).

Além destes fatores, os frutos são influenciados pela fertilização e estão sujeitos a perdas pós-colheita por patógenos, que podem se manifestar nos frutos isoladamente ou em conjunto com os fatores abióticos, proporcionando perdas qualitativas nas diferentes fases de comercialização.

Com vistas na produção e no mercado para atender as exigências dos consumidores os produtores procuram superar fatores que agridem os frutos como fungos, bactérias, vírus e nematóides, além de pragas. A presença desses seres indesejáveis traz uma série de alterações em toda morfologia da planta, principalmente nos frutos como: manchas, necrose, podridões, deformações e queda de flores e folhas, redução no vigor e baixa produtividade. Dentre esses, a cultura do mamão apresenta outro fator limitante no que diz respeito ao uso de produtos químicos, ou seja, existem poucos produtos reconhecidos pelo ministério da agricultura, além de ser uma cultura bastante sensível à exposição de defensivos recomendados (TODA FRUTA, 2008).

O objetivo do presente trabalho foi avaliar a qualidade dos frutos do mamoeiro e aspectos fitopatológicos de possíveis doenças de pós-colheita, nos mercados públicos das cidades em epígrafe, levando em consideração os termos de qualidade, a forma como são manuseados e a rentabilidade fornecida devido a tais condições. Com base nos resultados dos questionários aplicados, informações importantes foram colhidas para subsidiar a análise do atual contexto de comercialização.

Material e Métodos

O trabalho foi conduzido nas feiras do município do Crato, Barbalha e Juazeiro do Norte, integrantes da Região Metropolitana do Cariri, que surgiu da conurbação entre esses municípios denominado Crajubar, localizado no Estado do Ceará, nos meses de maio e junto de 2010. Com uma população correspondente a 560.325 hab (IBGE, 2009), a região tem como área de influência o sul do Ceará, onde se encontram diversos comerciantes, os quais têm no mercado a principal fonte de renda familiar.

Nos mercados públicos têm-se grande diversidade de frutos típicos, oriundos de vários locais da região, principalmente dos estados de Pernambuco, Bahia e de áreas locais cultivadas por pequenos produtores.

Durante a execução do trabalho, foram realizados registros das principais doenças e anomalias que depreciam a qualidade do fruto, através de fotografias digitais e questionários, os quais forneceram dados da origem dos frutos (mamão), a quantidade fornecida aos comerciantes, e a rentabilidade, seguindo o diagnóstico das doenças e registros de injúrias e danos. Os questionários foram analisados utilizando-se estatística descritiva com comentários sobre os vários fatos observados durante as visitas de inspeções. Com as informações adquiridas, foi possível fazer um levantamento das doenças e da qualidade dos frutos analisados nos meses de Maio e Junho, através de visitas semanais.

Resultados e Discussão

Observou-se que das 40 barracas investigadas, 35 apresentavam frutos de má qualidade, equivalente a um índice de 87,5%. Dentro dessa porcentagem 75% são devido a doenças de pós-colheita, dentre as quais podemos citar: a antracnose (Colletotrichum gloeosporioides), varíola (Asperisporium caricae) e mancha anelar ou mosaico do mamoeiro (Papaya ringspot vírus, PRSV), sendo esta última predominante. Estas doenças comprometem o aspecto qualitativo dos frutos no tocante a apresentação para comercialização, muito embora não comprometa os frutos para consumo. Os outros 25% dos frutos que não apresentaram doenças, apresentaram danos e/ou injúrias mecânicas devido ao péssimo manuseio, mostrando-se machucados, aumentando por fim o índice de má qualidade.

Uma das dificuldades levantadas foi quanto ao desconhecimento da origem dos frutos comercializados por parte dos comerciantes, fato este que contribui para o desconhecimento de possíveis áreas produtoras. Muitos feirantes são pequenos agricultores e dispõe de seus cultivos para sua própria comercialização.

Segundo Shitarra (1994) as características de qualidade dos frutos são resultantes da relação de fatores genéticos (cultivares e porta-enxerto), climáticos (temperatura, chuva, luz e vento), estádio de maturação e tratamentos pós-colheita (fatores ambientais, métodos de manuseio entre a colheita e o consumo). Com isso é interessante conhecer todo o processo que vem desde a colheita até a sua comercialização, interagindo para determinar as características finais da qualidade dos frutos que serão comercializados.

Foi questionado o processo de comercialização, verificando-se que 20% dos comerciantes não estavam satisfeitos com a rentabilidade voltada ao seu trabalho, alegando que sairiam da atividade por outras oportunidades vigentes, que oferecessem um salário fixo, pois no mercado onde trabalham a renda é aleatória, considerada incerta.


Conclusões

Conclui-se que 87,5% das barracas inspecionadas apresentavam frutos com má qualidade, o que se chama comumente de frutos de “segunda”. Bem como, 75% dos frutos com má qualidade são devido a doenças de pós-colheita, sendo que a antracnose (Colletotrichum gloeosporioides), quanto mais o fruto atingia o estágio de maturação ela ficava mais severa, seguida da varíola (Asperisporium caricae) e mancha anelar ou mosaico do mamoeiro (Papaya ringspot vírus, PRSV), sendo a última predominante, ocorrendo com maior freqüência.

Mas, 25% dos frutos comercializados apresentavam injúrias e danos em face dos processos de colheita, transporte e armazenamento.

Os resultados obtidos mostram que a qualidade dos frutos comercializados nos mercados públicos fica a dever, pois frutos com injúrias e doenças, não conseguem bons preços na comercialização. É importante haver incentivo por parte dos órgãos governamentais no que diz respeito a instrução dos feirantes, para que haja uma melhoria nas suas atividades e mantendo as feiras livres, pois elas contribuem consideravelmente para o efetivo desenvolvimento local e regional.

 Referências Bibliográficas

BERGAMIN FILHO, A.KIMATH, H. Doenças do mamoeiro Carica papaya L. In: GALLI, F. BERGAMIN, A.F (Coord). Manual de Fitopatologia. São Paulo: Agronômica Ceres, 1980.

BRASIL. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE. Estimativa da População. [2009]. Disponível em: . Acesso em: 29 jul. 2010.

CHITARRA, M.I.F., CHITARRA, A.B. Pós-colheita de frutos e hortaliças: fisiologia e manuseio. Lavras: ESAL/FAEPE, 1994. 289p

MARTINS, D. dos S. Situação atual da Produção Integrada de Mamão no Brasil. In: MARTINS, D dos S. (ed). Papaya Brasil: Qualidade do Mamão para o Mercado Interno. Vitória, ES: Incaper, 2003. p.253-265.

MICHEREFF, Sami J. Fitopatologia I.Conceito e Importância das Doenças de Plantas. Disponível em: . Acesso em 05 ago.2010.

PROJETO FRUTAS DO CEARÁ. Disponível em:. Acesso em 23/06/2010.

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