sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Ocorrência do Tombamento do Coentro em Sistema de Cultivo Mandala no Município de Porteiras-Ce



Ocorrência do Tombamento do Coentro em Sistema de Cultivo Mandala no Município de Porteiras-Ce
Jonas Gomes Inacio1, Joaquim Torres Filho2
1Aluno do Curso de Agronomia - UFC – Campus Cariri, Bolsista da FUNCAP. E-mail: jonaseafc@yahoo.com.br
2Orientador e Prof. Adjunto II do Curso de Agronomia - UFC- Campus Cariri. E-mail: joaquim.torres@ufc.br

Resumo: O coentro é uma espécie olerícola consumida em todas as regiões do Brasil, principalmente na região Nordeste. O presente trabalho tem por objetivo relatar a ocorrência do tombamento na cultura do coentro, cultivado no sistema de cultivo mandala em Porteiras-ce. Por ocasião de visita técnica a um plantio de hortaliças em sistema de cultivo mandala, verificou-se a ocorrência do tombamento de plântulas de coentro. Amostras com sintomas de damping-off foram coletadas e levadas para avaliação, em laboratório da UFC no Campus do Cariri. O problema fitossanitário mais frequentemente encontrado na cultura do coentro, na, esteve relacionado a podridões na base do caule e na raiz, sintoma característico do tombamento em coentro causado pelo fungo do gênero Pythium sp. Um dos problemas que contribuíram para o surgimento da propriedade estudada doença foi o fato da semeadura ter sido feita diretamente no solo. Para o manejo desta fitomoléstia, recomenda-se a alteração do espaçamento entre sulcos para de modo a proporcionar uma maior aeração, aplicação da calagem com utilização de adubação orgânica, redução do tempo de irrigação para 1h pela manhã e pela tarde, sempre nas horas com temperaturas mais amenas e usar sementes tratadas.

Palavras–chave: Doença, Hortaliça, Manejo, Fitopatologia

Introdução

O coentro (Coriandrum sativum L.) é uma espécie olerícola consumida em todas as regiões do Brasil, principalmente na região Nordeste. Segundo Filgueira (2000), as folhas, com sabor e aroma muito ativos e peculiares, são incorporadas às receitas culinárias de peixes e as sopas portuguesas e em diversos pratos típicos do Nordeste do Brasil.
Mesmo sendo uma cultura de destaque comercial, têm sido poucos os estudos que visam melhorar as técnicas de produção dessa olerícola (Souza, 1981). O cultivo dessa hortaliça é normalmente realizado com o uso da irrigação; geralmente, é uma cultura explorada em pequenas áreas, sendo utilizada água proveniente de pequenas fontes (açudes pequenos, poços amazonas, poços naturais em leitos de rios, poços tubulares etc.).
Quando se fala em produzir hortaliças, a primeira grande preocupação diz respeito a incidência de doenças. As hortaliças são altamente sensíveis ao ataque de doenças, especialmente as de origem fúngica e bacteriana (Marouelli, 2008). O cultivo de hortaliças é uma atividade agrícola de grande risco, pois além da maior incidência de problemas fitossanitários, as plantas apresentam maior sensibilidade às condições climáticas, entre outros problemas (Filgueira, 2003).
De um modo geral, existe uma relação de causa e efeito no que diz respeito a irrigação e doença de plantas quando do cultivo de hortaliças, pois, caso o sistema e o tipo de irrigação não sejam adequados, a incidência de fitomoléstias, ocorre como conseqüência. Via de regra, as doenças da parte aérea são mais favorecidas pelos sistemas de irrigação por aspersão, especialmente em regime de alta freqüência (Marouelli, 2008).
A água utilizada na irrigação pode servir de veículo de disseminação de doenças. O escorrimento superficial da água de chuva ou irrigação em um campo infectado por bactérias patogênicas, por exemplo, pode contaminar fontes de água à jusante da área irrigada, principalmente aquelas superficiais, como tanques, represas, rios e riachos (Marouelli, 2008).
As fitomoléstias ocasionam grandes prejuízos econômicos e no tocante ao cultivo de hortaliças, as que possuem os fungos como agentes patogênicos, causam grandes preocupações pelas perdas que podem causar. Estima-se que 20% da produção mundial é anualmente perdidas em conseqüência de doenças fúngicas, cuja maioria dos agentes causais, cerca de 60%, são transmitidos por sementes (Feodorova, 1991).
O presente trabalho teve por objetivo relatar a ocorrência do tombamento na cultura do coentro cultivado no sistema de cultivo mandala em Porteiras-Ce, e a relação dessa doença com as práticas de manejo adotadas pelos agricultores.

Material e Métodos

Por ocasião de visita técnica a um plantio de hortaliças em sistema de cultivo mandala, verificou-se a ocorrência do tombamento de Plântulas de coentro e amostras foram coletadas e enviadas ao laboratório de Fitopatologia da UFC no Campus do Cariri. Foi realizado o registro fotográfico dos sintomas apresentados e feita à descrição da situação do problema observado em campo, visando auxiliar na identificação do organismo patogênico.
Dentre as espécies cultivadas no sistema de cultivo mandala, há um predomínio das hortaliças folhosas, com maior produção de coentro, seguido do alface (Lactuca sativa L.), couve (Brassica oleraceae var. Acephala L.) e salsa (Petroselinum crispum Mill.), hortaliças fruto, como pimentão (Capsicum annum) pimenta-decheiro (Capsicum baccatum L.) e hortaliças raiz como cenoura (Daucus carota).

Resultados e Discussão

O problema fitossanitário mais frequentemente encontrado na cultura do coentro na propriedade estudada, esteve relacionado a podridão na base do caule e na raiz, sintoma característico do tombamento em coentro causado por fungo do gênero Pythium sp, conforme resultado do exame fitopatológico laboratorial, o qual está de acordo com as observações de (Bedendo, 1995).
O tombamento é uma doença em que o patógeno infecta a semente durante a germinação, causando seu apodrecimento e desintegração, resultando em falhas de stand (tombamento em pré-emergência). Um dos problemas indicadores da ocorrência da doença foi o fato da semeadura ter sido feita diretamente no solo.
Observou-se no cultivo em sistema mandala que não ocorreu o processo de calagem antes do plantio e nem adubação orgânica. A ausência destes procedimentos induz a manutenção de um desequilíbrio biológico no solo, fato este que favorece amplamente a incidência de podridões de raiz. Além do mais, o sistema de irrigação não foi bem dimensionado, pois o turno de rega acima de 2h levava sempre ao encharcamento da área plantada, condição esta fundamental para estimular o ataque do patógeno. Outro detalhe é que a distância entre sulcos não obedecia a recomendação tradicional de 70 cm, aumentando assim a umidade do ambiente e diminuindo a aeração.
Para o manejo desta fitomoléstia, recomenda-se a alteração do espaçamento entre sulcos para o tamanho ideal, aplicação da calagem com utilização de adubação orgânica sessenta dias após a calagem. A realização da calagem é fundamental para correção do pH do solo e consequentemente para um melhor aproveitamento da adubação orgânica, a qual propiciará o retorno do equilíbrio biológico do solo, inclusive com o surgimento de microrganismos antagonicos ao agente patogênico do tombamento.
Outra medida diz respeito a redução do tempo de irrigação para 1h pela manhã e pela tarde, sempre nas horas com temperaturas mais amenas. Por sua vez o gerenciamento melhor do sistema de irrigação manterá umidade suficiente no solo para absorção pela planta e evitará o encharcamento que é benéfico para patógenos do solo.
Em novos plantios, recomenda-se: rotação de cultura, drenagem adequada, solarização de camas e sulcos, aplicação de microorganismos antagônicos (Trichoderma sp e outros).

Conclusões

 Realizar calagem e adubação orgânica conforme análise de solo;
 Irrigar nas horas de temperaturas mais amenas;
 Realizar para novos plantios a prática de rotação cultural;
 Utilizar sementes tratadas.

Literatura citada.

BEDENDO, I.P. Podridões de raiz e colo. In: BERGAMIN FILHO, A.; KIMATI, H.; AMORIM, L. (Eds.). Manua de fitopatologia: princípios e conceitos. 3. ed. São Paulo: Agronômica Ceres, 1995. v.1, p.829-837.
FEODOROVA, R.N. Situação da sanidade de sementes na União Soviética - URSS. Informativo ABATES, Londrina. v.1, n.3, p.35-36. 1991.
FILGUEIRA, F. A. R. Novo Manual de Olericultura: Agrotecnologia moderna na produção e comercialização de hortaliças, Viçosa: Editora da Universidade Federal de Viçosa, 2000.402p.
FILGUEIRA, F.A.R. Novo Manual de Olericultura: agrotecnologia moderna na produção e comercialização de hortaliças. 2. ed. rev. amp. Viçosa: UFV. 2003. 412p.
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MAROUELLI, W.A. Controle da irrigação como estratégia na prevenção de doenças em hortaliças. A Lavoura. 2004. Disponível em: SOUZA, A.F. Coentro (Coriandrum sativum L.). Brasília: EMBRAPA-CNPHortaliças, 1981. 5p.

4 comentários:

  1. muito importante esse trabalho, parabéns pela publicação.

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  2. Na minha região coentro nasce bem depois vai morredo.quando mudo pra terra novas sai bom

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  3. Meu coentro nasce bem quando abre a segunda folha more

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