AULA: 25/04/2012
Tema: Princípios, Postulados e Conceitos Básicos em Fitopatologia
O estudo da Fitopatologia assume uma importância fundamental para o aluno do curso de Agronomia, pois a par de ser uma das disciplinas de grande importância para sua formação profissional, contribui sobremodo para a tomada de decisões em condições de campo no sentido de se aplicar medidas preventivas que tenham por objetivo evitar ou diminuir possíveis riscos de incidência de fitomoléstias.
O conhecimento de termos técnicos e de conceitos básicos é fundamental para uma compreensão que tenha por base uma visão mais holística do cenário fitopatológico. É com o objetivo de procurar repassar essa terminologia para os discentes que se apresenta a presente aula.
Fitopatologia: estudo das fitomoléstias, em sua causa, caracterização, evolução e controle;
Doença de planta:
Patógeno: o agente causal da doença.
Agente causal: Agente biótico ou abiótico que pode causar irritação e provocar uma doença. Hospedeiro: planta que recebe o patógeno.
Sintomas: exteriorização da doença
Sinais: o próprio patógeno ou uma de suas estruturas
Injúria: sintomas visíveis e/ou mensuráveis ocasionados por um agente biótico ou abiótico.
Dano: redução qualitativa ou quantitativa da produção, que pode ou não causar perdas.
Perdas: efeitos negativos no rendimento econômico da cultura devido ao dano causado pelo patógeno.
Diagnose: reconhecimento e identificação de uma doença de planta, mediante a interpretação dos sintomas e dos sinais.
Diagnóstico: é o resultado da diagnose.
Etiologia: estuda as causas das doenças de plantas e tem como objetivo o estabelecimento de medidas corretas de controle.
Patogenicidade: capacidade do patógeno de associar-se ao hospedeiro, causando doença.
Virulência é a medida da patogenicidade.
Parasita: é o indivíduo que vive às expensas do outro ser vivo.
Parasitismo: a forma de vida do parasita.
Parasitas obrigatórios ou holoparasitas: são os seres que vivem, exclusivamente, às expensas do outro ser vivo.
Parasitas facultativos: são os que levam vida mista, ora com parasita, ora como saprófita.
Endoparasitas: são os que se desenvolvem no interior do hospedeiro.
Ectoparasitas: são os que se estabelecem à superfície do hospedeiro.
Parasitas específicos: exercem o parasitismo sobre uma única espécie de planta.
Parasitas polífagos: exercem o parasitismo em mais de uma espécie de planta.
Parasitas isóicos: necessitam de apenas uma planta hospedeira para desenvolver todo o seu ciclo evolutivo.
Parasitas heteróicos: necessitam passar por dois hospedeiros distintos, a fim de completar seu ciclo.
Saprófitas:são os seres que vivem de matéria orgânica em decomposição.
Inóculo (Do lat. inoculum à in + oculum, gema): estrutura do patógeno capaz de causar infecção.
Fonte de inóculo: local onde o inóculo é produzido, ou o local onde ele se encontra antes da infecção.
Inóculo primário: é o inóculo responsável pelo início do ciclo primário das relações patógeno hospedeiro.
Inóculo secundário: é o inóculo responsável pelos ciclos secundários da doença, ou seja, é o inóculo produzido sobre o hospedeiro durante o ciclo da cultura
Ciclo das relações patógeno-hospedeiro: ocorrência de uma série de eventos sucessivos e ordenados (sobrevivência, disseminação, infecção, colonização e reprodução do patógeno).
Sobrevivência: é a perpetuação do inóculo entre os ciclos da cultura.
Disseminação: movimento do patógeno.
Infecção: processo que se estende da germinação do patógeno até o estabelecimento de relações parasitárias estáveis com o hospedeiro.
Colonização: implica na distribuição do patógeno dentro do tecido hospedeiro;
Reprodução do patógeno: antecede à disseminação e é responsável pelo aumento do inóculo;
Período de latência: espaço de tempo que vai da inoculação à manifestação dos primeiros sintomas;
Período de incubação: espaço de tempo que vai da inoculação à infecção.
Formae specialis: populações de um organismo, que não se diferenciam morfologicamente e sim em sua patogenicidade, estabelecida em plantas de espécies botânicas diferentes
Fusarium oxysporum f.sp. Lycopersici
F. oxysporum f.sp. Vasinfectum
Raça fisiológica: Populações de uma espécie que não se diferenciam morfologicamente e sim fisiologicamente que são identificadas através de REAÇÕES DIFERENCIAIS em diferentes cultivares de uma mesma espécie botânica.
Epidemiologia: é o "estudo das epidemias e dos fatores que as influenciam“;
Epidemia: "aumento da doença numa população de plantas em intensidade e/ou extensão, isto é, um aumento na incidência-severidade e/ou um aumento na área geográfica ocupada pela doença”.
Pandemia: caracteriza aquelas epidemias que ocupam uma área extremamente grande, de tamanho quase continental
Endemia: caracteriza uma doença sempre presente numa determinada área, sem estar em expansão.
Controle: Estudo e aplicação das medidas que visam evitar ou atenuar os danos e conseqüentes perdas econômicas provocadas por doenças. Evoca uma idéia de finalismo, de um completo domínio da situação.
Manejo Integrado: Maneira flexível e multidimensional de se controlar as doenças, utilizando medidas biológicas, culturais e estratégias químicas, necessárias para manter as doenças abaixo do limiar econômico de dano, sem prejuízo ao ecossistema.
Imunidade: incapacidade de estabelecer relação patógeno-hospedeiro.
Resistência: relativa oposição que a planta oferece à associação com o agente causal.
Suscetibilidade: condição que a planta oferece ao patógeno de estabelecer íntima relação. Envolve virulência.
Predisposição: condição de maior ou menor suscetibilidade determinada por fatores não genéticos.
Escape: condição “aparente” de resistência. Não genética (crescimento rápido, maturação precoce).
Tolerância: quando a cultivar apresenta boa produtividade a despeito da infecção sofrida, vigor excepcional.
Hipersensibilidade: reação local, violenta, em resposta ao ataque do patógeno que leva à morte das células adjacentes ao local de penetração, impedindo a colonização.
PRINCÍPIOS BÁSICOS
Maioria dos patógenos possui ampla gama de hospedeiros;
Disseminação ativa, passiva e por vetores;
Principais agentes de disseminação de patógenos: vento, água, artrópodes e o homem;
Fontes de inóculo: solo e restos de cultura;
Fatos e informações sobre uma doença são importantes;
Controle da doença: inibição do patógeno, manipulação do meio ambiente e proteção ou imunização do hospedeiro (Yarwood, 1962; Hosfall e Colling, 1980).
Princípios gerais de controle
Whetzel et al. (1925) e Whetzel (1929);
Exclusão - prevenção da entrada de um patógeno numa área ainda não infestada.
Erradicação - eliminação do patógeno de uma área em que foi introduzido
Proteção - interposição de uma barreira protetora entre as partes suscetíveis da planta e o inóculo do patógeno, antes de ocorrer a deposição
Imunização – utilização de plantas imunes, resistentes ou tolerantes ao agente causal.
Terapia - visa restabelecer a sanidade de uma planta com a qual o patógeno já estabelecera uma íntima relação parasítica.
Regulação - medidas de controle baseadas em modificações do ambiente (Marchionatto,1949).
Evasão - prevenção da doença pelo plantio em épocas ou áreas quando ou onde o inóculo é ineficiente, raro ou ausente.
Bibliografia consultada
AGRIOS, G.N. Introduction. In: AGRIOS, G.N. Plant pathology. 4th ed. San Diego: Academic Press, 1997. p.3-41.
BERGAMIN FILHO, A.; KIMATI, H. Importância das doenças de plantas. In: BERGAMIN FILHO, A.; KIMATI, H.; AMORIM, L. (Eds.). Manual de fitopatologia: princípios e conceitos. 3. ed. São Paulo: Agronômica Ceres, 1995. v.1, p.13-33.
CARVALHO, P.C.T. Importância das doenças de plantas. In: GALLI, F. (Coord.). Manual de fitopatologia: princípios e conceitos. 2. ed. São Paulo: Agronômica Ceres, 1978. v.1, p.15-25.
PONTE, J.J. Conceito e classificação de doenças de plantas. In: PONTE, J.J. Fitopatologia: princípios e aplicações. 2. ed. São Paulo: Nobel, 1986. p.37-48.
Aviso: Aula dia 02/05/2012: primeiro tempo apresentação seminário fungos. Segundo tempo: Classificação de doenças de plantas. Favor ler capítulo referente ao assunto no Manual de Fitopatologia. Para o seminário de Fungos como agente de doenças de plantas, cada aluno deverá apresentar material com sintomas de doenças de planta cujo agente causal é um fungo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário